Artigo As pombas são da Paz
O ser humano é um animal muito estranho. Ele consegue enxergar o mesmo animal com simpatia e devoção ou ódio e desprezo. As pombas representam o Espírito Santo, ou seja, Deus. Também foram utilizadas por Deus para mostrar a Noé que havia terra, ou seja, as pombas são um importante símbolo religioso. Além disto representam a PAZ, sim, os tão odiados pombos representam a paz! E por fim representam o amor verdadeiro. As pombas convivem conosco há milhares de anos. Há desenhos delas
encontrados na Mesopotâmia datados de 4500 AC. Foram introduzidos no Brasil no séx. XVI como animais domésticos e foram muito utilizados como pombos-correio. Alguns pombos inclusive ganharam prêmios por atos heróicos na 1a e 2a Guerra Mundiais. E desde muito tempo convivem conosco no meio urbano. Poucos animais são tão caluniados como os pombos, com quem dividimos as nossas cidades.
Ao longo das décadas nossa forma de ver os animais mudou muito. Gatos e grávidas não podiam viver juntos sob risco de vida para o bebê que iria nascer, hoje estudo comprovam que os bebês só ganham com este convívio. Cães e gatos, diziam, causavam inúmeras doenças. Hoje se sabe que eles ajudam a curar doenças, como depressão e hoje já podem entrar até em hospitais em países de primeiro mundo, bem diferentes do Brasil. E porque o Ministério da Saúde diz que as pombas causam um grave problema para a nossa saúde? Porque ele é desatualizado e negligente. Ao causar medo e pânico na população, incentivando inclusive que futuros biólogos, médicos e médicos veterinários acreditem nisso, ele é culpado por criar este medo dos pombos. O mesmo Ministério da Saúde tem como controle populacional de cães e gatos o extermínio contrário ao que diz a Organização Mundial de Saúde. O Brasil é o único país do mundo que mata cães por causa de uma doença causa por um mosquito. Olha aí o ser humano sendo incoerente novamente.
Afinal, quais as doenças que o Ministério da Saúde diz que as pombas causam.
Criptococose: causada por um fungo que morre em altas temperaturas e pode ser encontrado em solo, fezes de humanos e outros animais e frutas podres. Não é uma doença exclusiva das pombas. Histoplasmose, conhecida como a doença das cavernas, pois é em ambientes fechados que o fungo encontra condições ideais de crescimento. As praças não são ambientes fechados. Pesquisas sobre a Salmonelose demonstram que o pombo não é um transmissor importante. A Salmonela é uma bactéria encontrada até num ovo de galinha e é praticamente sinônimo de comida estragada. E por aí vai.
Há centenas de estudos nacionais e internacionais recentes que desmentem a tese que condena os pombos a não conviverem conosco.
João Paulo Rocha Netto, Biólogo especialista em Saúde Coletiva e que trabalha na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba atesta que conviver com pombos de vida livre nas cidades não causa danos à saúde humana. Seria necessários excesso deles enclausurados em ambientes com pouca luz e sujos para ocorrer transmissão de doenças, bem diferente das praças. Não existe a doença do pombo. Guy Merchant, diretor do Serviço de Consulta de Controle de Pombo (PICAS INTERNACIONAL) diz: “É absurda a propaganda pregada pela indústria do controle de pragas sobre os pombos, se acreditássemos em tudo o que lemos na mídia sobre os riscos para a saúde associados aos pombos nunca deixaremos nossas casas!” Charlotte Donnelly, especialista americana em controle de aves, disse ao Conselho Consultivo de Meio Ambiente de Cincinnati em seu relatório: “A verdade é que a grande maioria das pessoas tem pouco ou nenhum risco para a saúde dos pombos e provavelmente tem maiores chances de ser atingido por um raio do que contrair uma doença grave de pombos”. Não foi nenhum médico, nenhum veterinário, nenhum infectologista que criou a expressão “ pombos são ratos de asas”. Esta expressão apareceu pela primeira vez em 1966 em um artigo no The New York Times. Se as pombas causassem tantas doenças existiria uma epidemia de adoecidos e mortos nas cidades com pombas nas praças. E isto nunca aconteceu em nenhum lugar do mundo.
Um estudo revelou que esses pássaros podem aprender a distinguir cada letra do alfabeto, e reconhecê-las de uma maneira muito similar à dos humanos, até mesmo confundindo certas letras que as pessoas também frequentemente confundem. Outro estudo demonstrou que os pombos têm competência matemática exibindo uma habilidade para aprender conceitos abstratos, diferenciar números de objetos, ordenar pares e julgar quantidades com precisão. Até então, com exceção dos humanos, habilidades
equivalentes somente foram registradas em macacos rhesus.
Precisamos evoluir e aceitar novas ideias. A Semma insiste em não dar detalhes de como será a retirada e quem cuidará das pombas. Não apresenta estudo que comprove que isto dará certo e nem que elas conseguirão vivem no meio do mato. Fora que na Primavera é quando eles mais se reproduzem. Os filhotes ficarão sem os pais. Em artigo na Revista Globo Rural, criadores de pombos contam que quando o casal é separado, eles podem morrer de tristeza. Só isso já nos faz lutar pelas pombas.
Afinal, já dizia Émile Zola, importantíssimo escritor francês “O destino dos animais é muito mais importante para mim do que o medo de parecer ridículo.”
Natasha Oselame Valenti